Matéria extraída do site http://cleuzacanan.com.br/tratamento/tratamento-do-crack/
Autora: Cleuza Canan
Tratamento do crack: um dos mais complexos
O tratamento do crack exige muito
mais do que o tratamento de recuperação de dependentes de outras drogas, em
razão dos prejuízos que causa.
O crack é uma das drogas mais
prejudiciais da atualidade. Sua fabricação é a partir da mistura da pasta base
de cocaína, refinada com bicarbonato de sódio e água.
A mistura é falsificada com o
acréscimo de cal, cimento, querosene e acetona para aumentar o volume, o que a
torna ainda pior, exigindo que o tratamento do crack seja mais complexo do que
o tratamento de outras dependências.
Quando aquecido, o crack faz a
separação das substâncias líquidas das substâncias sólidas e, nesse caso, as
líquidas são descartadas, enquanto que as sólidas são convertidas nas pedras
que são vendidas para serem fumadas e absorvidas através de um cachimbo,
fazendo com que o usuário possa ingerir todas as substâncias presentes na
mistura.
Como se trata de droga inalada, o
tempo de ação e o poder de causar dependência são muito mais rápido, e é isso
exatamente o que torna o crack uma das drogas mais poderosas da atualidade.
Um usuário de crack leva apenas
10 segundos para sentir os efeitos, demonstrando euforia e excitação, com os
batimentos cardíacos acelerados e respiração mais rápida e curta. Contudo, os
efeitos do crack também são bastante rápidos, deixando o usuário depressivo,
sentindo delírios e a fissura por uma nova dose.
O crack chega a ser até sete
vezes mais potente do que a cocaína, sendo, portanto, mais prejudicial do que a
droga que lhe deu origem. Ela apresenta um poder assustador para desestruturar
uma pessoa, agindo em prazo bastante curto e criando uma dependência
psicológica das mais graves, o que vai exigir que o tratamento do crack também
seja mais severo.
Quando o usuário utiliza pela
primeira vez o crack, sente algo como se fosse um estalo no cérebro, ou um
“tuim”, como se diz na linguagem dos usuários. No entanto, esse “tuim” já não
acontece na segunda vez. Os neurônios começam a ser lesionados e o coração
entra em descompasso, batendo a até 240 vezes por minuto, levando o usuário ao
risco de hemorragia cerebral, de alucinações e delírios, de fissura, de convulsões
e infarto agudo e, em alguns casos, até à morte.
Problemas físicos provocados pelo crack
Com o uso do crack, o usuário
começa a ter desfragmentação dos pulmões e consequentes problemas
respiratórios, como congestão nasal, tosse persistente e expectoração de um
muco negro.
Além disso, também passa a apresentar
dores de cabeça, desmaios e tonturas e, em razão da falta de apetite, começa a
emagrecer, mostrar-se pálido e sentir nervosismo.
O dependente da droga, quando
precisa passar pelo tratamento do crack , vai apresentar também taquicardia,
aumento da pressão arterial e intensa transpiração.
Passa a não cuidar mais da
própria aparência e higiene e normalmente traz queimaduras nos lábios, no rosto
e na língua, por causa da proximidade da chama do isqueiro quando acende a
pedra.
Na mulher, o crack provoca
abortos e nascimentos prematuros e o bebê, quando sobrevive, terá um cérebro de
tamanho menor e chora de dor quando é tocado ou quando exposto à luminosidade.
No seu desenvolvimento, vai demorar mais para fazer as coisas mais simples,
como andar e falar, tendo maior dificuldade também no aprendizado.
Uma pessoa normal tem os impulsos
nervosos convertidos em neurotransmissores, como a dopamina, por exemplo, que
são liberados nos espaços entre as sinapses. Os neurotransmissores são
recapturados quando a informação é transmitida. Em usuários de crack o
mecanismo se encontra alterado.
O crack bloqueia o processo de re-captação
dos neurotransmissores, deixando uma concentração acima da média de dopamina no
cérebro, situação que vai estimular ao extremo os receptores, gerando a
sensação de euforia provocada pela substância. Contudo, essa euforia dura menos
do que o usuário deseja, já que os receptores se ajustam às necessidades do
sistema nervoso central, reduzindo sua emissão. Assim, as sinapses também se
tornam mais lentas, e isso vai comprometer todas as atividadescerebrais,
provocando problemas físicos.
Como é feito o tratamento do crack
O tratamento do crack é bastante
complexo, precisando de assistência multidisciplinar capacitada, inclusive com
apoio da família e sob orientação médica, além da necessária força de vontade
por parte do dependente. Mesmo assim, embora seja bastante difícil, o usuário pode
se livrar da droga e se recuperar.
O tratamento do crack pode exigir
internação compulsória ou involuntária, atendimento médico e psiquiátrico,
tratamento ambulatorial e conscientização do usuário.
Tudo, no entanto, vai depender do
diagnóstico médico e da avaliação por parte de um psiquiatra, que poderá
diagnosticar o nível de gravidade da dependência, quais são os sintomas de
abstinência e se o usuário é portador de doenças psíquicas ou clínicas.
Nesse caso, nem sempre se pode
contar com a boa vontade do dependente para levá-lo ao tratamento do crack . Em
primeiro lugar é necessária uma abordagem médica, em um ambiente que seja
familiar ao paciente, onde ele possa se sentir protegido.
Em certos casos, pode ser
necessária a internação compulsória, mas sempre é preciso fazer uma avaliação
individualizada, além do que, na internação compulsória para o tratamento do
crack é preciso solicitar autorização judicial.
Antes de ser encaminhado para o tratamento
do crack , no entanto, o dependente deve
passar por uma avaliação médica para diagnosticar possíveis doenças, como a AIDAS
ou outras doenças contagiosas e sexualmente transmissíveis, além de tuberculose
e pneumonia.
Caso ele seja portador, o
tratamento vai exigir cuidados ainda maiores, devendo ser acompanhado a maior
parte do tempo para não apresentar uma crise de abstinência mais severa.
Para alguns dependentes pode ser
necessária uma medicação adequada para livrá-lo da síndrome da dependência, ao
mesmo tempo em que se aplicam as terapias necessárias para mantê-lo com saúde e
com a mente livre do crack.
É importante lembrar que, durante
o tratamento do crack ou mesmo após a recuperação do dependente, a recaída é um
fato comum. Por isso, é necessário fazer um acompanhamento constante, mesmo
depois de sua liberação de uma clínica de recuperação.
Existem medicamentos que podem
manter o controle dos sintomas de abstinência, mas esses medicamentos devem ser
administrados de forma controlada, principalmente para que o usuário não troque
uma dependência por outra. O que é preciso fazer é que o usuário possa manter a
mente livre dos efeitos, muitas vezes suportando a crise de abstinência.
O tratamento do crack pode levar
muito tempo e exigir muitos cuidados. O paciente deve ser conduzido de forma a
entender que pode escapar do submundo das drogas e tornar-se novamente uma
pessoa normal, participante e integrante de uma sociedade que o respeita e que
quer ver o seu bem.